sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Danny Glover (Máquina Mortífera) visita um dos 5 heróis Cubanos

Gerardo e Danny Glover em visita anterior


Gerardo contesta acusações do Miami Herald sobre Cuba

Em nossa terceira visita, a arquitetura neo-fascista da Penitenciária Federal em Victorville, Califórnia (construída em 2006 sob Bush) tornou-se uma visão familiar. Acreditamos que a indústria norte-americana de arame farpado deve ter feito um forte lobby para que os comissários de construção alocassem o dinheiro para vários campos de futebol de arames farpados que se projetam a partir de uma barra de metal, muito pouco amigável.

Por Danny Glover y Saul Landau*

O que falta na visão de quilômetros de arame enrolado sobre ambos os lados do muro desta monstruosa estrutura de concreto localizada no deserto de Mojave? Um cartaz: "Só nos Estados Unidos."

Em que outra parte se construiria tal "monumento" para uma missão de "reabilitação"? Gerardo se põe de pé, saltando de sua cadeira de plástico e nos abraçamos. Cheio de energia, sorridente e em boa forma, nos diz que teve que esperar 25 minutos na porta do bloco de celas antes de que um guarda finalmente autorizasse a sua passagem à sala de visitas, enquanto outros guardas passaram por seu lado ignorando seu pedido para ver seus visitantes.

Um incidente típico na esteira diária de um prisioneiro político em uma penitenciária federal de segurança máxima. Perguntamosa como se sentiu com o artigo de Jay Weaver no The Miami Herald em 26 de dezembro de 2010. A manchete: "Chefe de espiões cubanos agora garante que a derrubada dos Irmãos para o Resgate ocorreu fora do espaço aéreo cubano."

O artigo sugeria que Gerardo não estava de acordo com a versão cubana de que seus MIGs derrubaram dois aviões dos Irmãos para o Resgate no espaço aéreo de Cuba em 24 de fevereiro de 1996. "Isso é ridículo", disse Gerardo. Sua apelação legal questiona a competência do seu advogado de ofício para defendê-lo corretamente, mas ele nunca expressou ou deixou implícitas diferenças com a posição de Cuba.

O recurso se concentra nos erros cometidos durante o julgamento por seu advogado e o procurador, o qual negou-lhe o devido processo. Além disso, o governo ocultou indevidamente provas que mostravam que Gerardo não tinha nenhuma informação sobre a intenção de Cuba de derrubar os aviçoes dos Irmãos para o Resgate. A promotoria nunca provou que Cuba pretendia abater os aviões no espaço aéreo internacional, muito menos que Gerardo o sabia. Mas o clima em que se celebrou o julgamento estava contaminado pela mídia.

A apelação de Gerardo mostra que, durante o julgamento, "jornalistas" a serviço dos EUA publicaram notícias nos periódicos e na TV que apresentavam desfavoravelmente os acusados - e Cuba. Os cinco agentes foram julgados e sentenciados em um clima contaminado pela promotoria.

"É uma farsa", disse, rindo, em referência ao artigo do Herald e ao julgamento. "Tenho certeza de que todo cubano sabe que eu não tenho nenhuma divergência com o meu governo sobre a derrubada dos aviões. Eu não sabia nada sobre os vôos daquele dia, então eu não podia saber que eles iam ser derrubados. Creio que aconteceu no espaço aéreo cubano, o que não é um crime, segundo o direito internacional ".

Nem o Herald nem o júri do julgamento ouviram ou viram evidências de que Gerardo tinha conhecimento prévio do suposto plano de Cuba para derrubar os aviões dos Irmãos para o Resgate. No início dos anos 1990, o grupo assegurava que a sua missão era ajudar a resgatar balseiros cubanos à deriva no Estreito da Flórida. Mas, depois que um acordo migratório entre os Estados Unidos e Cuba determinou o retorno de cubanos à ilha, os Irmãos começaram uma nova missão: sobrevoar Havana e deixar cair panfletos.

Em 24 de fevereiro de 1996, depois de repetidos avisos de que não voassem sobre a ilha, Basulto, o presidente da Irmãos para o Resgate anunciou o seu próximo voo e a Agência Federal de Aviação (FAA) também informou a Cuba dos detalhes do voo. Os pilotos e co-pilotos dos dois aviões morreram. Basulto retornou a salvo para Miami. Mesmo que Gerardo tivesse avisado a seu governo sobre os voos iminentes - o que não fez - como um agente de inteligência ia saber que seu governo os derrubaria, apesar de Cuba ter todo o direito de fazê-lo sobre o seu espaço aéreo?

O júri de Miami consideou Gerardo culpado de conspiração para cometer assassinato ao ser cúmplice em um plano para derrubar aviões civis em espaço aéreo internacional - o que não foi demonstrado. A juíza o condenou a duas penas de prisão perpétua consecutivas. Quando sugerimos que o repórter que disse que Gerardo estava em desacordo com seu governo, apesar de não tê-lo entrevistado, devia ser elegível para o Prêmio Mussolini de Jornalismo, Gerardo esteve de acordo.

"Sim, Mussolini era um jornalista antes de entrar na política." A notícia tinha que dizer que Gerardo não recebeu o devido processo. Agentes cubanos julgados em Miami - o equivalente a judeus julgados em Berlim, em 1938. Gerardo, otimista e disposto a compartilhar, nos disse que cresceu perto de Mantilla, um bairro de Havana, onde vive o escritor cubano Leonardo Padura (autor de romances policiais de El Conde).

Ele conhecia as possibilidades e a firmeza da amizade sob o socialismo, onde os homens falam honestamente com o coração e não têm que competir por dinheiro, como indivíduos na novela O vôo do gato, de Abel Prieto. "A amargura não ajuda espírito ", disse . Três tristes Tigres, de Guillermo Cabrera Infante é brilhante e perspicaz. "Compare-as com suas estridentes críticas contra a Revolução, das quais não se aprende nada". O fotógrafo da prisão - outro recluso - tirou fotos nossas.

Em seguida comemos a comida lixo (junk food) das máquinas - a única que existe - e discutimos as reformas em Cuba. "Eu acho que o discurso de Raúl (do presidente Raúl Castro, em 18 de dezembro de 2010) foi necessário. Temos que mudar para sobreviver. Devenos nos tornar mais eficazes e produtivos. "

"Acabou a visita", anuncia um guarda. Gerardo vai para junto da parede com outros presos. Nos amontoamos perto da porta com outros visitantes. Ele levanta o punho. "Mantenha a fé". Ele sorri confiante. "Tem qualidades como as de Mandela", diz Danny. Saul assente.

* O novo filme Landau sobre o caso dos cinco cubanos e sua história - Por favor, que se ponha de pé o verdadeiro terrorista - em breve estará disponível. Danny Glover é um ativista e ator.

Fonte: Vermelho

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