terça-feira, 26 de abril de 2011

Para EUA, tradicional relógio Casio é indício de terrorismo




Presos que usavam o relógio digital Casio F-91W tinham grandes chances de serem classificados pelas autoridades norte-americanas como um “suspeito de terrorismo”, conforme consta nos documentos secretos do Pentágono obtidos pelo Wikileaks e que começaram a ser divulgados na noite deste domingo (24/04).

As autoridades norte-americanas apontavam como suspeito quem usasse o relógio por acreditar que o aparelho era usado nos campos de treinamentos da Al Qaeda. Segundo reportagem do britânico Guardian, um dos jornais que tiveram acesso aos documentos secretos, cerca de um terço dos presos da prisão norte-americana de Guantánamo, quando foram detidos pelo Estados Unidos, carregam no pulso o relógio de pulso da marca japonesa Casio do modelo F-91W. Alguns usavam a versão A-159W, prateada do mesmo modelo de relógio. 

“O Casio era conhecido por ser dado aos estudantes da Al Qaeda que passaram por treinamento no Afeganistão. Os alunos receberam instruções sobre como preparar dispositivos sincronizados com o relógio”, consta no documento. Segundo o Guardian, há mais de 50 relatórios referindo-se a estes relógios, sendo que 32 registros discorrem sobre o modelo F-91W e outros 20 tratam do prateado A-159W.
Já o jornal espanhol El País explica que a relação entre os relógios e a técnica de construção de bombas foi obtida em interrogatórios feitos dentro da prisão de Guantánamo. “Essa é a marca da Al Qaeda, ela usa o relógio para fazer bombas segundo o testemunho de vários presos recolhido pelo Departamento de Defesa”, diz o jornal. 
E aponta que, para os norte-americanos, os usuários do Casio já tiveram contato ou relações com explosivos ou pessoas ligadas a esse tipo de armamento.

O uso do modelo A-159W é considerado uma das evidências de que o líbio Ismael Alí Bakush tinha conhecimento de explosivos. “A posse do modelo prateado A-159W reforça as informações que o identificam como um especialista em explosivos”, completou a mensagem citada pelo El País.

No domingo, os jornais que tiveram acesso às fichas de 759 dos 779 presos que passaram pela prisão de Guantánamo começaram a publicar reportagens sobre o conteúdo dessa documentação.
Com data entre 2002 e 2009, as fichas revelam detalhes sobre os métodos usados pelos EUA para tentar combater o terrorismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário